Alguma coisa acontece no coração de paulistanos nostálgicos, e não é na
esquina da Ipiranga com a São João, imortalizada na voz de Caetano.
A reabertura do antigo bar Riviera, no meio do ano, e os planos da
prefeitura de transformar o extinto Cine Belas Artes num centro cultural
colocaram recentemente foco em outro cruzamento: da avenida Paulista com a rua
da Consolação, que vem atravessando um período de decadência desde os anos
1990.
Aquele pedaço nobre da cidade viu, ao longo do tempo, seus principais
pontos comerciais se fecharem um dos mais célebres, o Riviera, fundado em
1950, baixou as portas em 2006.
Agora, a expectativa é de um renascimento. As obras no futuro bar antigo
reduto de intelectuais, artistas e todos os que eram contrários o regime
militar durante a ditadura já começaram.
Pelo espaço passaram cantores como Chico Buarque e Elis Regina,
cineastas como José Mojica Marins, o Zé do Caixão, e cartunistas do naipe de
Chico, Paulo Caruso e Angeli que encontrou, nas mesas do bar, inspiração para
criar a personagem Rê Bordosa.
As características da antiga casa serão mantidas no novo Riviera. Um grande balcão vermelho será uma espécie de ponto de encontro. No segundo piso, haverá um espaço para shows de jazz.
MEMÓRIA AFETIVA
O empreendimento é do empresário Facundo Guerra e do chef Alex Atala.
Ficará no mesmo lugar onde funcionou em seus 56 anos de existência --ocupará
parte do térreo e do mezanino do edifício modernista Anchieta, projetado pelos
irmãos cariocas do escritório MMM Roberto.
"Não tenho pretensão de salvar marcos da cidade. Mas acho que
[melhorar as condições do entorno] é um efeito colateral positivo do trabalho,
como aconteceu com outras casas, como o Vegas, na Augusta, e o Cine Joia, [no
centro]", disse Guerra.
O empresário afirma ter relação afetiva com o Riviera, o qual frequentou
em seus últimos anos de funcionamento. "Foi um lugar superimportante para
o meu pai, que militou. Minha família inteira é de comunistas. Para contar essa
história de novo fica muito mais fácil", afirma.
FONTE: FOLHA/UOL
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